Marufo (PT)
Variedade: Tinta | Categoria III | Portugal
Ficha da Casta
Marufo
Origem da casta: Nordeste de Portugal. A denominação Marufo não tem tradição. Menezes (1897) não a conhece. Mas foram referidos sinónimos históricos na literatura. Rui Fernandes (1512) fala de Mourisco (sinónimo regional) em Lamego, Lobo (1789) conhece o Abrunhal (sinónimo) em Pinhel.
Região de maior expansão: Beira Interior, Trás-os-Montes. Provavelmente, é uma das castas mais antigas. Dias (2004:6) comparou, por fenograma de distâncias, esta casta com diversas Vitis silvestris e encontrou grande semelhança com uma cultivar de Castelo Branco. Segundo comunicação pessoal de N. Magalhães, é uma casta dióica (feminina), por isso permite a suspeita de que foi uma casta com origem na V. silvestris da região.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Não existem.
Sinónimos históricos e regionais: Abrunhal (Pinhel), Falso Mourisco, Mourisco Tinto (Douro), Marufa, Marujo, Mourico (Beira interior) Uva-rei (Trás-os-Montes).
Homónimos: Desconhecidos.
Superfície vitícola actual: 5.000 ha.
Utilização actual a nível nacional: Praticamente sem replantação.
Tendência de desenvolvimento: Em extinção.
Intravariabilidade varietal da produção: Não analisada.
Qualidade do material vegetativo: Casta sem selecção.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
228 | 232 | 235 | 239 | 183 | 194 | 188 | 192 | 247 | 257 | 145 | 147 |
Vinho de Qualidade DOC: «Valpaços», «Planalto Mirandês», «Porto», «Douro», «Távora-Varosa», «Beira Interior»
Vinho de qualidade IPR: «Valpaços», «Planalto Mirandês».
Vinho regional: «Trás-os-Montes», «Beiras».
Extremidade do ramo jovem: Jovem aberta, com orla carmim de intensidade média e baixa densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Amarelada com tons acobreados, página inferior com média densidade de pêlos prostrados.
Flor: Feminina, com estames retroflectidos e pólen estéril, pelo que exige polinização cruzada (N. Magalhães, 2006, comunicação pessoal).
Pâmpano: Verde, com gomos verdes.
Folha adulta: Adulta grande, orbicular, com três lóbulos; limbo verde médio, irregular e ligeiramente bolhoso; página inferior com baixa densidade de pêlos prostrados; dentes curtos e convexos; seio peciolar pouco aberto, com base em V, e seios laterais abertos em V.
Cacho: Grande, cónico, medianamente compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Ligeiramente achatado, médio e negro-azul; película de espessura média, polpa de consistência média.
Sarmento: Castanho amarelado.
Abrolhamento: Em época média.
Floração: Em época média.
Pintor: Em época média.
Maturação: Tardia.
Vigor: Elevado.
Porte (tropia): Semi-erecto.
Entrenós: Médios-grandes.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Pouca.
Rebentação múltipla: Não há.
Índice de fertilidade: Médio/Alto.
Produtividade: Variável, mas pode ultrapassar 20 t/ha.
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Aneira.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): Não estudado cientificamente; empiricamente considerado mediano.
Producção recomendada: 5.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Sofre com o excesso temperaturas elevadas; escaldão.
Sensibilidade criptogâmica: Casta muito rústica.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: Não estudado.
Sensibilidade a parasitas: Casta tolerante.
Tamanho do cacho: Grande (400-500 g).
Compactação do cacho: De solto até medianamente compacto.
Bago: Grande (2-3,5 g), ligeiramente achatado e de polpa geralmente rija ou consistente.
Película: Medianamente espessa, não apodrece facilmente, mesmo com humidade na fase final do período vegetativo.
Nº de graínhas: Médio; estas são normalmente bem desenvolvidas.
Sistema de condução: Adapta-se a qualquer tipo.
Solo favorável para obter qualidade: Xistoso e granítico.
Clima favorável: Temperaturas moderadas.
Compasso: Todos os compassos possíveis que correspondam às condições do solo e do clima.
Porta-enxertos: Não se conhece falta de afinidade. Recomendam-se os porta-enxertos tradicionais.
Desavinho/Bagoinha: Muito sensível.
Conservação do cacho após maturação: Não tem problemas.
Protecção contra ataques de pássaros: Não necessária.
Aptidão para vindima mecânica: Não há experiência.
Tipo de vinho: Vinho tinto de qualidade, vinho rosado aromático nobre e algum potencial para espumante.
Grau alcoólico provável do mosto: Em média 12,5% vol.
Acidez natural: Em média 6 g/l acidez total.
Autocianinas totais: Empiricamente baixas, mas não há referências a estudos científicos.
Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: Empiricamente baixo, mas não há referências a estudos científicos.
Sensibilidade do mosto à oxidação: Alta.
Intensidade da cor: Reduzida.
Tonalidade: Vermelho cravinho (rubi).
Taninos: Baixa, não estudado.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Não oxida facilmente.
Análise laboratorial dos aromas: Não estudado.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Baixo potencial de envelhecimento.
Recomendação para lote: Historicamente, com síria (branca) para vinho rosado; actualmente, com Rufete.
Potencial para vinho elementar: Não é habitual fazer-se.
Caracterização habitual do vinho: Vinho tinto de grande interesse, desde que no seu ambiente e em anos favoráveis. De cor pouco carregada, de rosado até rubi, macio e agradável na boca, com aroma floral, de sabor frutado, a groselhas e caramelo de café (toffee) com persistência, mas com envelhecimento menos favorável (L. Ribeiro, Cooperativa de Pinhel, comunicação verbal, 2006).
Qualidade do vinho: O vinho, devido à sua fraca coloração, actualmente está fora de moda. De facto, esta casta produz em Pinhel vinhos de aroma floral, similares aos vinhos Pinot, da Borgonha, e deverá ser observada com mais atenção no futuro. É pouco adaptável noutras regiões, onde apresenta vinhos menos favoráveis.
Particularidade da casta: Casta importante no passado recente, no tempo das grandes marcas de vinho rosado. Reconhece-se na vinha devido aos grandes cachos e ao elevado vigor vegetativo, com folhas escuras, grandes e arredondadas. Casta muito rústica, cujo vinho, devido à sua fraca coloração, está actualmente em abandono, mas tem potencial para produzir tintos menos carregados de pigmentos, de tipo similar aos da Borgonha ou do Vale do Reno.