Mosc. de Alejandría (ES) / Mosc.-Graúdo-Branco (PT)
Variedade: Branca | Categoria III | Portugal/Espanha
Ficha da Casta
Mosc. de Alejandría
Mosc.-Graúdo-Branco
Origem da casta: Casta do pólo genético oriental, de dupla aptidão para vinho e consumo de mesa. A denominação francesa desta casta refere mesmo Alexandria, no Egipto. Herrera (1513) refere a Vitis apiana de Plínio (naturalista romano), mas conhece a denominação Moscatel. O vinho generoso desta casta representa o tipo do «Vinho Grego», até ao final da Idade Média considerado internacionalmente o vinho mais valioso.
Região de maior expansão: Espanha, Andaluzia e Valência, Portugal, Setúbal. Esta casta tem muito maior expansão fora de Portugal, por exemplo, em França, Austrália (4.000 ha), Norte de África e Estados Unidos da América.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Moscatel de Setúbal (P), Muscat d’Alexandrie (F), Moscatel de Málaga (E), Muscat de Kelibia (TN), Angliko (GR), Hanepoot (ZA), Zibibbo (IT, YU), e muitos outros internacionais.
Sinónimos históricos e regionais: Não conhecidos.
Homónimos: Ainda existem o Moscatel-Galego (N.ºs oficiais 199, 200, 201) e Moscatel-Nunes (N.º oficial 203).
Superfície vitícola actual: Espanha, 8.894 ha; Portugal, 700 ha.
Utilização actual a nível nacional: Muito reduzida (abaixo de 0,2%).
Tendência de desenvolvimento: Sem significado.
Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV, clones ENTAV (F). Material clonal RNSV em processo de admissão à certificação. Espanha: alguns clones foram seleccionados sanitariamente na Andaluzia (Rancho de La Merced).
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
228 | 232 | 245 | 247 | 179 | 194 | 186 | 204 | 247 | 255 | 135 | 151 |
Vinho de Qualidade DOC: Espanha: DO Abona, Alicante, Binissalem, Bullas, Calatayud, Campo de Borja, Cariñena, Cataluña, Conca de Barberá, Condado de Huelva, Costers del segre, El Hierro, Empordà, Gran Canaria, Jerez-Xerés-sherry e Manzanilla-sanlúcar de Barrameda, La Palma, Lanzarote, Málaga, Montilla-Moriles, Penedès, Pla i Llevant, Ribera del Guadiana, sierra de Málaga, Tacoronte- Acentejo, Tarragona, Terra Alta, Valencia, Valle de Güimar, Valle de la Orotova e Ycoden-Daute-Isora. DOCa Priorato.
Portugal: Palmela, (VQPRD) Setúbal, Lagoa, Lagos, Portimão e Tavira.
Vinho regional: Estremadura, Ribatejano, Terras do Sado, Alentejano, Algarve e Açores.
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla carmim e média densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Acobreada, baixa densidade de pêlos prostrados na página inferior.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Estriado de vermelho, gomos verdes.
Folha adulta: De tamanho médio, orbicular, com três lóbulos; limbo verde médio, plano, ligeiramente bolhoso; nervuras principais ligeiramente avermelhadas na base; página inferior com baixa densidade de pêlos prostrados; dentes curtos e rectilíneos; seio peciolar fechado, em V; seios laterais abertos emV.
Cacho: Grande, cónico alado, frouxo, pedúnculo longo.
Bago: Obovóide, grande e verde-amarelado; película de espessura média, polpa rija; sabor a moscatel.
Sarmento: Castanho amarelado.
Abrolhamento: Tardio, 13 dias após a Fernão Pires.
Floração: Tardia, 10 dias após a Fernão Pires.
Pintor: Tardio, 11 dias após a Fernão Pires.
Maturação: Tardia, duas semanas após a Fernão Pires.
Vigor: Fraco.
Porte (tropia): Semi-erecto, algumas varas horizontais e mesmo retombantes.
Entrenós: Curtos.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Média.
Rebentação múltipla: Nula.
Índice de fertilidade: Médio.
Produtividade: Índice médio (8-15 t/ha, nos EUA registam-se 18-25 t/ha). Valores RNSV: 2,12 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Palmela, durante 3 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): Não estudado.
Producção recomendada: 10.000 kg/ha para vinho de mesa.
Sensibilidade abiótica: Sensível à carência de Zinco e ao escaldão do fruto pela insolação.
Sensibilidade criptogâmica: Muito sensível ao Oídio; sensível ao Míldio e Escoriose.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: Sempre houve uma situação especial, devido à importação de material certificado de França (sem vírus).
Sensibilidade a parasitas: Aranha vermelha.
Tamanho do cacho: Grande, comprido, cónico.
Compactação do cacho: Médio/solto.
Bago: Médio/grande, oval, forte sabor a moscatel.
Película: Consistente.
Nº de graínhas: em média, 2-3.
Sistema de condução: Suporta vara curta; recomenda-se cordão bilateral.
Solo favorável para obter qualidade: Suporta solo ácido, bem adaptado a solos fortes.
Clima favorável: Precisa de insolação intensa com temperatura alta.
Compasso: Todos os tradicionais possíveis.
Porta-enxertos: De moderado vigor.
Desavinho/Bagoinha: Pouco sensível.
Conservação do cacho após maturação: Pouca.
Protecção contra ataques de pássaros: Necessária.
Aptidão para vindima mecânica: Possível, no caso de temperaturas baixas.
Tipo de vinho: Vinho generoso, doce, nobre. Também excelente como vinho de mesa.
Grau alcoólico provável do mosto: Elevado (14% vol). Valores RNSV: 9,80% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pegões, durante 5 anos).
Acidez natural: Valores RNSV: 4,04 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pegões, durante 5 anos).
Sensibilidade do mosto à oxidação: Pouca.
Intensidade da cor: Fraca no caso de vinho de mesa, intenso no caso de vinho generoso.
Tonalidade: Amarelada, palhete.
Taninos: Monomérico 0,3-0,5 mg/l; Oligom. 1,5-2,4 mg/l; Polim. 2,2-2,8 mg/l.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Reduzida.
Análise laboratorial dos aromas: Elevado teor de terpenóides.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Média, no caso de vinho seco; elevada no caso de vinho generoso.
Recomendação para lote: Moscatel Roxo, Moscatel-Galego.
Potencial para vinho elementar: Elevado para vinho aromático, de fermentação fria, ou de vinho generoso.
Caracterização habitual do vinho: Vinho de cor amarelada até palha, com aroma a moscatel, intenso, persistente, até enjoativo. Como vinho generoso, pode originar um dos vinhos mais nobres deste género e tem grande longevidade.
Qualidade do vinho: Vinho generoso aromático; vinho adocicado e naturalmente aromático, com fermentação de baixa temperatura.
Particularidade da casta: Casta muita antiga, provavelmente de origem fenícia (Franco, 1938:6), basicamente com utilização para uva de mesa. A casta tem aptidão enológica para vinho generoso de elevado potencial. Historicamente, é de tal maneira importante que existem na zona mediterrânea varias regiões (Espanha, Itália, Tunísia, etc.) especificamente demarcadas para «Muscatel», tal como no caso do DOC Setúbal.