Alvarelhão (PT)
Variedade: Tinta | Categoria III | Portugal/Espanha
Ficha da Casta
Alvarelhão
Origem da casta: Norte de Portugal, classificada por Lobo (1790) em
Trás-os-Montes e nas Beiras; descrita por da Fonsecca (1790: 32 e 180). Segundo outros autores, é uma casta muita velha, historicamente plantada em vários lugares da Península Ibérica; actualmente tem a sua maior concentração nas Rias Baixas (Galiza) e no Norte de Portugal. Actualmente considerada de maior fama histórica do que qualidade enológica.
Região de maior expansão: Trás-os-Montes.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Alvarelhao (E. U. A., AU).
Sinónimos históricos e regionais: Avarilhão, Alvaralhão, Brancelho (Vinho Verde), Pilongo (Dão), Brancellao (Galiza, E).
Homónimos: Alvarelhão branco (n.º oficial 13) e Alvarelhão Ceitão (n.º oficial 14).
Superfície vitícola actual: Muito reduzida.
Utilização actual a nível nacional: Muito pouca, abaixo de 0,2%.
Tendência de desenvolvimento: Presentemente em risco de esquecimento.
Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal da RNSV.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
222 | 226 | 235 | 235 | 185 | 189 | 188 | 194 | 251 | 259 | 135 | 153 |
Vinho de Qualidade DOC: «Vinho Verde» (Baião e Monção), «Douro», «Beiras», «Dão».
Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Távora-Varosa».
Extremidade do ramo jovem: Aberta-achatada, com forte densidade de pêlos prostrados, pigmentação antociânica média, na orla.
Folha jovem: Verde, com forte densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Nós e entrenós verdes, gomos com pigmentação antociânica fraca. Gavinhas médias.
Folha adulta: De tamanho médio, pentagonal, subquinquelobada; limbo verde escuro, em goteira, ondulado entre as nervuras principais com forte empolamento; dentes curtos e convexos; seio peciolar fechado, em V; página inferior com média densidade de pêlos prostrados.
Cacho: Médio e medianamente compacto, pedúnculo médio.
Bago: Elíptico-curto e negro-azulado; película de espessura média e pruinada; polpa não corada, rija e suculenta; pedicelo de tamanho médio.
Sarmento: Castanho escuro.
Abrolhamento: Época média, 10 dias após a Castelão.
Floração: Época média, 5 dias após a Castelão.
Pintor: Precoce, 2 dias antes da Castelão.
Maturação: Precoce, uma semana antes da Castelão.
Vigor: Médio.
Porte (tropia): Semi-erecto.
Entrenós: Médios.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Forte.
Rebentação múltipla: Baixa.
Índice de fertilidade: Em média, 1,6 inflorescências por gomo abrolhado. Fraco ao nível do primeiro terço da vara (recomenda-se poda longa). Pode variar muito com o clone.
Produtividade: Médio potencial de produção (8.000 - 20.000 kg/ha).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Estável.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme, no caso de material seleccionado.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): Estudos não conhecidos. Empiricamente, casta bastante tardia.
Producção recomendada: Zona quente, 4.000 l/ha; Vinho Verde, 8.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Casta muito rústica.
Sensibilidade criptogâmica: Em regiões com ar húmido, susceptível a Oídio, Botritis, alguma tolerância ao Míldio; em regiões de interior, bastante tolerante.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 70% GLRaV3, 50% GFkV, 10% GVA, <50% RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Susceptível à Cigarrinha Verde.
Tamanho do cacho: Mediano, 145 - 250 g, alado ou ramoso, aberto, cilindro-cónico.
Compactação do cacho: Medianamente a pouco compacto.
Bago: Tamanho médio, 1,8 g, difícil destacamento.
Película: Fina.
Nº de graínhas: 1,9 - 2,1 por bago, tamanho médio.
Sistema de condução: Vara longa e cordão.
Solo favorável para obter qualidade: Terreno arenoso, isento de cal e solos graníticos e xistosos; no caso de solos muito húmidos, a uva nem ganha cor nem álcool.
Clima favorável: Bastante resistente ao stress hídrico.
Compasso: Qualquer densidade, adaptada ao local da plantação.
Porta-enxertos: Qualquer porta-enxerto tradicional, adaptado ao local da plantação.
Desavinho/Bagoinha: Muito sensível, especialmente ao desavinho, é uma das castas mais sensíveis.
Conservação do cacho após maturação: Sensível à sobrematuração.
Protecção contra ataques de pássaros: Não há grande perigo.
Aptidão para vindima mecânica: Conforme o estado da uva.
Tipo de vinho: «Vinho do pequeno lavrador». Historicamente conhecido como vinho clarete e rosado da Beira, Monção e Vila Real.
Grau alcoólico provável do mosto: Médio (12,5% vol).
Acidez natural: Média (5,5 - 6,5 g/l acidez tartárica).
Sensibilidade do mosto à oxidação: Pouca.
Intensidade da cor: Fraca intensidade.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Alguma.
Análise laboratorial dos aromas: Não estudada.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Fraco potencial para envelhecer.
Recomendação para lote: Vinhão, Brancelho, Pedral.
Potencial para vinho elementar: Bom, no caso de vinho rosado.
Caracterização habitual do vinho: «Dá vinhos de cor rubi (abertos), aroma perfumado, fazendo lembrar flores e sabor ligeiro, pouco «corpo», mas muito vivo. Muito fraco potencial para envelhecimento. Entra, geralmente misturado com outras castas, nos vinhos do Dão, aos quais confere macieza, perfume e equilibrada acidez. Foi, durante muitos anos, a base fundamental para o fabrico de vinhos rosados, aos quais conferia delicadeza e perfume» (Brites, 2000).
Qualidade do vinho: Vinho com pouco corpo, para mistura com outros vinhos e vinho rosado.
Particularidade da casta: Muito pouco cultivada actualmente, é uma casta em vias de extinção, porque o tipo de vinho que origina (clarete) não está de acordo com os padrões actuais de consumo (vinhos tintos).