Albariño (ES) / Alvarinho (PT)
Variedade: Branca | Categoria I | Portugal/Espanha
Ficha da Casta
Albariño
Alvarinho
Origem da casta: Não está claramente investigado se é originária da Galiza ou do Norte do Minho (Monção). Huetz de Lemps (1967) refere textos de 1753 e 1843 citando uma primeira descrição de Casares. Lacerda Lobo (1790) classifica a casta na sub-região de Melgaço (Minho); Gyrão (1822) refere a casta no norte do Minho, sub-região de Monção, e Galiza, Rias Baixas (ES), como casta historicamente menos apreciada. Ferreira Lapa (1874) refere «A casta (…) dá pouco vinho e este é inferior». A elevada qualidade dos seus vinhos só foi descoberta, no século XX, pelo Eng.º Galhano (CVRVV).
Região de maior expansão: Sub-região de Monção.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Albariño
Sinónimos históricos e regionais: Galego, Galeguinho (Ponte de Lima). Truel (1986) menciona Cainho Branco.
Homónimos: Albarín blanco (Astúrias).
Superfície vitícola actual: Em Portugal, 1.800 ha. Em Espanha, 5.490 ha.
Utilização actual a nível nacional: Em Portugal 1,35%. Em Espanha, crescente.
Tendência de desenvolvimento: Crescente em ambos os países.
Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal da RNSV, clones certificados 44-47 ISA, 42, 43 JBP. Em Espanha: mais de uma dezena de clones certificados na Galiza, entre eles, A-062 e A-123.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
222 | 232 | 235 | 235 | 189 | 189 | 186 | 204 | 247 | 251 | 137 | 153 |
Vinho de Qualidade DOC: Em Portugal: Sub-região de Monção: «Vinho Verde Alvarinho», «Vinho Verde Alvarinho Espumante».
Em Espanha: DO Cataluña, Costers del Segre, Monterrei, Rias Baixas, Ribeira Sacra e Ribeiro.
Vinho regional: «Minho», «Estremadura», «Ribatejo», «Terras do Sado».
Extremidade do ramo jovem: Aberto, muito cotanilhoso, branco com orla fort.carminada.
Folha jovem: Amarela com manchas bronzeadas, muito revoluta, cotanilhosa na página inferior e penugenta na página superior.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Entrenós e nós vermelhos na face dorsal, verdes na face ventral. Forte pigmentação antociânica dos gomos, porte horizontal.
Folha adulta: Tamanho pequeno, orbicular, inteira, revoluta, cor verde-médio e mediamento bolhoso. Dentes curtos, de lados convexos.
Seio peciolar aberto, com base em V e seios laterais superiores abertos com base em V, cotanilhosa na página inferior. Pecíolo penugento e mais comprido do que a nervura principal mediana.
Cacho: Pequeno, alado e frequentemente duplo em forma de asa, média compacidade, pedúnculo comprido.
Bago: Tamanho médio não uniforme, arredondado, de cor amarelada, polpa mole, sabor especial.
Abrolhamento: Médio (2.ª quinzena de Março). Em simultâneo com a Fernão Pires.
Floração: Média (final de Maio). Em simultâneo com a Fernão Pires.
Pintor: Médio (1.ª quinzena de Agosto). Cerca de 5 dias após a Fernão Pires.
Maturação: Medianamente precoce (2.ª quinzena Agosto). Cerca 3 dias antes da Fernão Pires.
Vigor: Elevado.
Porte (tropia): Semi-erecto e horizontal (plagiotropo).
Entrenós: Compridos. Gomos de tamanho médio.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Muito baixa.
Rebentação múltipla: Alguma.
Índice de fertilidade: Elevado; em média, 1,8 inflorescências por gomo abrolhado nos gomos superiores; com frequência, 3 inflorescências por lançamento.
Produtividade: Material tradicional, pouco produtivo. Clones certificados com adequada condução, média/elevada (7.500-12.000 kg/ha). Valores RNSV: 6,07 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Monção, durante 9 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Alguma falta de uniformidade.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.161 h acima de 10° C (Arcos de Valdevez); 1.400 h acima de 10° C com 15 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).
Sensibilidade abiótica: Sensível a stress hídrico elevado, suporta a insolação e o vento.
Sensibilidade criptogâmica: Sensível ao Oídio e Míldio, atreita à Esca, menos sensível à Botritis.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 93% GLRaV3, < 50% RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Sensível à Acariose.
Tamanho do cacho: Muito pequeno (média conforme clone; 90-150 g na zona quente, pode atingir até 200g na zona húmida). Cerca de 115 g.
Compactação do cacho: Alado e medianamente compacto.
Bago: Médio/pequeno (0,8-1,3 g).
Película: Espessura média.
Nº de graínhas: Em média 2,5 por bago.
Sistema de condução: Recomenda-se a vara longa, produção significativamente menor com poda curta.
Solo favorável para obter qualidade: Solos derivados de granito (Monção); com menor adaptação a solos pesados, húmidos e mal drenados.
Clima favorável: Elevada insolação, moderada presença hídrica.
Compasso: Qualquer compasso tradicional possível.
Porta-enxertos: Não se conhecem problemas com os habituais, na sua região de implantação.
Desavinho/Bagoinha: Pouco susceptível ao desavinho, podendo ocorrer bagoinha.
Conservação do cacho após maturação: Não tem problemas.
Protecção contra ataques de pássaros: Não necessário.
Aptidão para vindima mecânica: Técnica economicamente adequada.
Tipo de vinho: Vinho de mesa de alta qualidade, espumante e aguardente.
Grau alcoólico provável do mosto: Médio-elevado, 12% vol. Valores RNSV: 12,57% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Monção, durante 9 anos).
Acidez natural: Elevado (5,5-7 mg/l). Valores RNSV, 9,29 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Monção, durante 9 anos).
Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: 325-948 mg/l (dependente da tecnologia)
Sensibilidade do mosto à oxidação: Medianamente sensível.
Intensidade da cor: Intensa.
Tonalidade: Palha, com reflexos cítricos.
Taninos: Monomérico 4,0-27,0 mg/l; Oligom. 11,0-180,0 mg/l; Polim. 47,0-734,0 mg/l (maceração pelicular; valores mais elevados correspondem a menos curtimento).
Sensibilidade do vinho à oxidação: Medianamente sensível.
Análise laboratorial dos aromas: A análise sensorial (Cerdeira, 2004), floral, frutos de árvore e frutos tropicais, muito boa estrutura, equilíbrio e persistência.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Muito boa, até 10 anos. Boa aptidão para fermentação e envelhecimento em madeira.
Recomendação para lote: Trajadura (região de Monção).
Potencial para vinho elementar: Habitualmente elevado.
Caracterização habitual do vinho: O vinho elementar caracteriza-se por uma cor intensa, palha, com reflexos cítricos, aroma intenso, distinto, delicado e complexo, que vai desde marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá e líchia (carácter frutado), a flor de laranjeira e violeta (carácter floral), a avelã e noz (carácter amendoado) e a mel; e de carácter complexo, maciço, harmónico, encorpado e persistente (EVAG, 2001).
Qualidade do vinho: Muito elevada, Casta--Piloto.
Particularidade da casta: «Casta piloto», produz em vara longa. É, pela sua originalidade, um dos melhores vinhos do mundo. A casta Alvarinho é a mais nobre das castas da Região Demarcada dos Vinhos Verdes. A natureza, única no mundo, do vinho Alvarinho exige que seja bebido fresco, a uma temperatura entre os 8° e os 10° C, mas arrefecido lentamente para que conserve o aroma, servido de preferência em «frappé» à mesa do apreciador, com garrafa aberta vinte a trinta minutos antes de ser apreciado.