Castelão (PT)
Variedade: Tinta | Categoria II | Portugal
Ficha da Casta
Castelão
Origem da casta: Sul do país. Casta com grande tradição histórica. Fernandes (1532) refere uma casta desta denominação; Silva (1787/8: 10) já refere uma casta branca como Castellão. Aguiar (1878) fala de «Castellam Francez».
Região de maior expansão: Ribatejo. sinónimos oficiais: João de Santarém. sendo uma das variedades tintas mais cultivadas em Portugal, é mais conhecida por Periquita, nome que lhe vem da «Cova da Periquita», quinta de José Maria da Fonseca onde os seus vinhos começaram a ganhar fama. Mas já Alarte (1712) conhece uma casta Castellão, referindo a sua sensibilidade ao desavinho. Lapa (1866) conhece a casta no Lavradio, Torres Vedras e Azeitão, com esta denominação.
Sinónimos históricos e regionais: Castelão Francês (Ribatejo). Fonseca (1790) refere uma casta «Castellam». Teixeira Gyrão (1822: XXIII) conhece o «Castellão».
Homónimos: Castelão Branco (n.º 78), já referido por Alarte (1712). Por engano, em Cabeção, na Estremadura Norte e na Bairrada é conhecida por Trincadeira.
Superfície vitícola actual: 20.500 ha.
Utilização actual a nível nacional: 5,2%.
Tendência de desenvolvimento: Em regressão.
Intravariabilidade varietal da produção: Média-baixa.
Qualidade do material vegetativo: Clones 5, 25 e 26 JBP, 27-33 EAN.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
236 | 238 | 239 | 253 | 179 | 188 | 188 | 188 | 247 | 251 | 145 | 147 |
Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Távora-Varosa», «Beira interior» na sub-região da Cova da Beira, «Óbidos», «Alenquer», «Arruda», «Torres Vedras», «Carcavelos», «Ribatejo», «Palmela», «Alentejo», «Lagos», «Portimão», «Lagoa», «Tavira».
Vinho de qualidade IPR: «Encosta de Aire» e «Alcobaça».
Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Beiras» nas sub-regiões da Beira Alta e Beira Litoral, «Estremadura», «Ribatejano», «Terras do sado», «Alentejano» e «Algarve».
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla ligeiramente carmim e elevada densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Amarelada, página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Verde, com gomos verdes.
Folha adulta: De tamanho médio, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde-médio, irregular, medianamente bolhoso, página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados; dentes médios e convexos; seio peciolar pouco aberto, com a base em chaveta, seios laterais abertos em V.
Cacho: Médio, cónico-alado, compacto, pedúnculo curto.
Bago: Arredondado, médio e negro-azul; película medianamente espessa, polpa firme.
Sarmento: Amarelado.
Abrolhamento: Precoce.
Floração: Precoce.
Pintor: Época média.
Maturação: Época média.
Vigor: Médio.
Porte (tropia): Erecto, (heliotropo).
Entrenós: Grandes/médios.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Pouca, só na ponta de varas vigorosas.
Rebentação múltipla: 42% dos gomos, muito elevada (Araújo, 1982).
Índice de fertilidade: Médio, 1,75 inflorescências por gomo abrolhado (J. Araújo, 1982).
Produtividade: Índice 285 (J. Araújo, 1982). Elevado, acima de 15 t/ha. Valores RNSV: 3,340 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pernes, durante 3 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Elevada.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Regular.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.650 horas acima de 10° C, com produção de 14 t/ha (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: Rendimento máximo para boa qualidade de vinho: 6.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Casta relativamente tolerante.
Sensibilidade criptogâmica: Pouco sensível à podridão, no período de maturação.
No período de floração é sensível à podridão, que ataca o pedúnculo do cacho.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 45% GLRaV, 3,5% GFkV, < 50% RsPV.
Sensibilidade a parasitas: Sensível à Cigarrinha Verde e à Traça (Palmela).
Tamanho do cacho: Médio/grande (120-270 g), conforme clone.
Compactação do cacho: Compacto.
Bago: 1,1-1,9 g, conforme clone.
Película: Medianamente espessa.
Nº de graínhas: 1,6-2,4 por bago. A média varia com diferentes clones.
Sistema de condução: Adapta-se a diversas formas de condução. Recomenda-se o cordão bilateral ou guyot, normalmente utilizado em zonas de forte influência atlântica.
Solo favorável para obter qualidade: Tem um excelente poder de adaptação a condições ambientais muito diferenciadas. Podemos mesmo afirmar que esta é uma casta muito versátil. Para uma boa qualidade enológica, solos profundos tipo Podzol (Pegões), de areia pliocénica (charneca no Ribatejo) e argilo-calcários (Estremadura).
Clima favorável: Moderado. Em clima marítimo tem tendência a desavinho.
Compasso: Normal, segundo as regiões e a fertilidade dos solos.
Porta-enxertos: Deve-se evitar o excesso de produção com utilização de porta-enxertos muito vigorosos.
Desavinho/Bagoinha: Material tradicional muito sensível, novos clones pouco sensíveis.
Conservação do cacho após maturação: Pouca.
Protecção contra ataques de pássaros: Média.
Aptidão para vindima mecânica: Boa.
Tipo de vinho: Vinho de qualidade tinto, vinho rosado.
Grau alcoólico provável do mosto: 12-14% vol.
Acidez natural: 3,7-5 g/l de acidez total, variando significativamente com o clone.
Autocianinas totais: Variam de 600 até 1.100 mg de malvidina/cm3.
Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: 30-50, conforme os clones.
Sensibilidade do mosto à oxidação: Pouca.
Intensidade da cor: Média, variando muito com o clone de 8-18.
Tonalidade: 0,7-0,85, conforme os clones.
Procianidinas oligomeras: B1: 51-127,1 mg/l; B2: 12-48 mg/l; T2: 9,5-51,2 mg/l.
Índice de polifenóis totais (280nm) do vinho: 1.255-1.987 mg/l.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Elevada.
Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – Terpenóides totais: 568 μg/l (1997), 147 μg/l (98); Benzenóides totais: 568 μg/l (97), 331 μg/l (98); Norisoprenóides totais: 1.022 μg/l (97), 377 μg/l (98).
Capacidade de envelhecimento do vinho: Boa, em condições específicas (Setúbal). Boa aptidão para envelhecimento em madeira.
Recomendação para lote: Aragonez, Trincadeira, Moreto (vinho jovem), Alicante Bouschet.
Potencial para vinho elementar: Muito bom na zona de Setúbal/Palmela.
Caracterização habitual do vinho: Os vinhos elementares desta casta têm tons granada e possuem um aroma intenso frutado, onde se destacam notas de groselha e frutos silvestres. Com a evolução, surgem notas de compota e nalguns casos um carácter de caça. Na boca são vinhos macios com algum acídulo, equilíbrio e persistência. Podem ser consumidos normalmente cedo, altura em que apresentam um maior potencial qualitativo (Laureano, 1999).
Qualidade do vinho: Muito variável conforme clima e solo. Em condições adequadas, uma grande casta.
Particularidade da casta: Rebentação múltipla, sensível ao desavinho e a bagoinha. Queda muito acentuada da qualidade do vinho em condições edafoclimáticas desfavoráveis ou com excesso de produção.