Cerceal-Branco (PT)
Variedade: Branca | Categoria II | Portugal
Ficha da Casta
Cerceal-Branco
Origem da casta: Dão e Douro. Lobo (1790) conhece a casta em Sabrosa e outras comarcas do Douro. Aguiar (1866) conhece-a em Nelas e Santar (Dão). Existe na literatura histórica, mas com grandes problemas na diferenciação das três homofonias descritas abaixo.
Região de maior expansão: Beiras.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Existem três castas de nome foneticamente semelhante: Cercial, Cerceal branca e Sercial. A Cerceal Branca é uma casta cultivada nas regiões do Douro e do Dão. Corresponde à casta aqui descrita. A Cercial é uma casta cultivada na região da Bairrada e a Sercial é uma casta da Madeira. A homonímia desta casta já causou dificuldades na sua classificação e caracterização histórica (por exemplo, Vila Maior, 1875:443); este autor fala de: Cerceal, Sercial, Sarcia ou Esgana Cão.
Sinónimos históricos e regionais: Cercial do Douro. Por engano, Lobo (1790) confunde a casta com o Fulgazão.
Homónimos: Ver acima.
Superfície vitícola actual: 150 ha.
Utilização actual a nível nacional: Abaixo de 0,2%.
Tendência de desenvolvimento: Não significativa.
Intravariabilidade varietal da produção: Não estudada.
Qualidade do material vegetativo: Clone certificado 120 JBP.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
226 | 236 | 245 | 253 | 179 | 181 | 188 | 204 | 247 | 251 | 145 | 159 |
Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro».
Vinho de qualidade IPR: «Lafões», «Dão».
Vinho regional: «Beiras», «Ribatejano».
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com carmim generalizado, de intensidade fraca, média densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: verde com tons bronzeados, página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Ligeiramente estriado de vermelho, com gomos verdes.
Folha adulta: De tamanho médio, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde-médio, enrugado, irregular, página inferior com média densidade de pêlos prostrados e erectos; dentes médios e rectilíneos; seio peciolar fechado, com a base em V, seios laterais fechados em V.
Cacho: Médio, cilindro-cónico, medianamente compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Arredondado, médio e verde-amarelado; película espessa, polpa de consistência mole.
Sarmento: Castanho-amarelado.
Abrolhamento: Precoce, em simultâneo com a Fernão Pires.
Floração: Época média, 4 dias após a Fernão Pires.
Pintor: Época média, 6 dias após a Fernão Pires.
Maturação: Época média, uma semana após a Fernão Pires.
Vigor: Médio.
Porte (tropia): Semi-erecto.
Entrenós: Médios.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Média.
Rebentação múltipla: Alguma.
Índice de fertilidade: Nas varas do 1.° gomo = 1,36; nas varas do 2.° gomo = 1,82; nas varas do 3.° gomo = 1,9 inflorescências por gomo abrolhado.
Produtividade: Elevada.
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.650 h acima de 10º C com 15 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: 6.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Casta rústica.
Sensibilidade criptogâmica: Muito sensível ao Míldio, sensível ao Oídio, moderadamente sensível à podridão, pouco sensível à Escoriose.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 30% GLRaV3, 60% GFkV, <50% RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Não específica.
Tamanho do cacho: Pequeno/médio 380 g.
Compactação do cacho: Médio.
Bago: Médio 2 g.
Película: Medianamente espessa.
Nº de graínhas: 2,6 por bago.
Sistema de condução: Todos os tipos.
Solo favorável para obter qualidade: Todos solos; apresenta baixa qualidade com solos ricos e férteis.
Clima favorável: Seco, de encosta.
Compasso: Qualquer tradicional, adaptado ao local da plantação.
Porta-enxertos: Recomenda-se porta-enxertos de pouco vigor.
Desavinho/Bagoinha: Não especialmente sensível.
Conservação do cacho após maturação: Não específica.
Protecção contra ataques de pássaros: Não específica.
Aptidão para vindima mecânica: Boa aptidão.
Tipo de vinho: Vinho de mesa de consumo em jovem, vinho do Porto.
Grau alcoólico provável do mosto: Médio/baixo (11% vol).
Acidez natural: Média/elevada.
Sensibilidade do mosto à oxidação: Não tem.
Intensidade da cor: Clara, fraca.
Tonalidade: Palha.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Não tem.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Pouca; bom vinho jovem.
Recomendação para lote: Gouveio, Malvasia Fina.
Potencial para vinho elementar: Bom.
Caracterização habitual do vinho: De elevada acidez, aroma discreto e enorme capacidade de envelhecimento (Prof. Loureiro – 2002). Vinho de cor citrina, aroma frutado, vivo e atraente na boca, com acidez refrescante, levemente encorpado com final harmonioso e equilibrado (Cardoso – 1991).
Qualidade do vinho: Boa, mas com perigo de drástica queda de qualidade observada em zonas quentes com excessiva disponibilidade hídrica.
Particularidade da casta: Casta tradicional do Nordeste do País, de muita boa produtividade e aptidão cultural. Enologicamente, tem características de boa acidez em condições edafo-climáticas adequadas. Porém, em solos férteis e com elevada disponibilidade hídrica, o vinho não se apresenta muito favorável e, assim, esta casta é actualmente pouco utilizada pelo sector profissional.