Godello (ES) / Gouveio (PT)

Variedade: Branca | Categoria I | Portugal/Espanha

Ficha da Casta

Godello

Gouveio

Origem da casta: Desconhecida. Historicamente existente em quase todo Portugal e no Noroeste de Espanha. Mencionada por Fernandes (1531), Lobo (1790). Casares (1843) conhece a casta em Espanha com a denominação Verdeja. Gyrão (1822), no Douro, refere o sinónimo de Verdelho. Lobo refere, conforme a
sub-região, as duas denominações alternadamente. O Conde Odart (1874) refere a qualidade desta casta: «très bons vins, plant de grand rapport».

Região de maior expansão: Trás-os-Montes (60%).

Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Godello (Galiza), Godelho (ver n.º 143).

Sinónimos históricos e regionais: A denominação Gouveio foi usada no início como sinónimo da casta Verdelho, em zona determinada do Douro. Com a legislação 428/2000, a casta perdeu a sua denominação principal de «Verdelho», devido à necessidade de evitar homonímia com o Verdelho da Madeira (n.º oficial 330).

Homónimos: Gouveio-Estimado (n.º 143), Gouveio-Preto (n.º 144), Gouveio-Real (n.º 145). Truel (1984) descreve erradamente, com fotos, que a casta Gouveio (num campo da Régua-Douro) é sinónima da casta Verdelho da Madeira.

Superfície vitícola actual: Portugal, 2.050 ha; Espanha, 1.194 ha.

Utilização actual a nível nacional: Em Portugal, 26% das novas plantações, por ano; Em Espanha, similar.

Tendência de desenvolvimento: Com difícil capacidade de produção de plantas, em relação à procura.

Intravariabilidade varietal da produção: Média, mas ainda sem informações na RNSV.

Qualidade do material vegetativo: Clones certificados: 121-123 JPB; um clone de saneamento sanitário JBP. Espanha: clones certificados como El GD-76 y GD-78.

VVMD5 VVMD7 VVMD27 VrZag62 VrZag79 VVS2
Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2 Alelo1 Alelo2
226 238 235 239 185 189 186 188 251 251 153 159

Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Távora-Varosa» (Nos DOC das regiões Beiras e Alentejo, oficialmente no «Annuario IVV», ainda é considerado como Verdelho. A casta é inexistente nesta região, e o próprio Gouveio não está classificado).

Vinho de qualidade IPR: «Chaves», «Valpaços», «Planalto Mirandês».
Espanha: DO Bierzo, Monterrei, Rias Baixas, Ribeira Sacra, Ribeiro, Tierra de León, Tierra del Vino de Zamora e Valdeorras.

Vinho regional: «Trás-os-Montes», «Beiras», «Terras do Sado».

Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla carmim, fraca densidade de pêlos prostrados.

Folha jovem: Verde com zonas bronzeadas, página inferior com baixa densidade de pêlos prostrados.

Flor: Hermafrodita.

Pâmpano: Ligeiramente estriado de vermelho, gomos com fraca intensidade antociânica.

Folha adulta: De tamanho médio, orbicular, com cinco lóbulos; limbo verde-médio, irregular, medianamente bolhoso, página inferior com baixa densidade de pêlos prostrados; dentes curtos e convexos; seio peciolar aberto, com a base em chaveta, seios laterais fechados em U.

Cacho: Pequeno, cilindro-cónico, compacto, pedúnculo de comprimento médio.

Bago: Arredondado, médio e verde-amarelado; película medianamente espessa, polpa de consistência média.

Sarmento: Castanho-amarelado.

Abrolhamento: Época média, 5 dias após a Fernão Pires.

Floração: Época média, 3 dias após a Fernão Pires.

Pintor: Precoce, 2 dias após a Fernão Pires.

Maturação: Época média, uma semana após a Fernão Pires.

Vigor: Médio-elevado.

Porte (tropia): Semi-erecto.

Entrenós: Médios e regulares.

Tendência para o desenvolvimento de netas: Alguma.

Rebentação múltipla: Pouca.

Índice de fertilidade: Vara do 1.° gomo = 1,26; Vara do 2.° gomo = 1,5; Vara do 3.° gomo = 1,52 inflorescências por gomo abrolhado.

Produtividade: Índice baixo, com material tradicional. Com clones certificados, a produtividade é média (8-12 t/ha).

Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.

Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.

Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.500 h acima de 10° C com 14 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).

Sensibilidade abiótica: Sensível a stress térmico e hídrico.

Sensibilidade criptogâmica: Pouco a medianamente susceptível ao Míldio e ao Oídio; muito susceptível à Botritis.

Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 30% infectado com GLRaV 3.

Sensibilidade a parasitas: Não significativa.

Tamanho do cacho: Pequeno/médio (120-300 g).

Compactação do cacho: Compacto.

Bago: Pequeno (1,6-2,3 g).

Película: Espessa.

Nº de graínhas: Médio (1,6-2,1 por bago).

Sistema de condução: Qualquer tipo; fácil de conduzir.

Solo favorável para obter qualidade: Derivado de granítico ou sem ser excessivamente seco; solos ácidos e calcários secos, com rega.

Clima favorável: Casta flexível, continental e marítima.

Compasso: Qualquer habitual, adaptado à região de implantação.

Porta-enxertos: Adapta-se bem aos porta-enxertos habituais.

Desavinho/Bagoinha: Medianamente susceptível.

Conservação do cacho após maturação: Pouca.

Protecção contra ataques de pássaros: Aconselhável.

Aptidão para vindima mecânica: Boa aptidão, no caso de temperaturas moderadas.

Tipo de vinho: Vinho de qualidade, vinho generoso, vinho espumante.

Grau alcoólico provável do mosto: Bom (14% vol).

Acidez natural: Elevada (5-6 g/l).

Sensibilidade do mosto à oxidação: Reduzida.

Intensidade da cor: Média.

Tonalidade: Citrina, esverdeada

Sensibilidade do vinho à oxidação: Pouca.

Análise laboratorial dos aromas: Não existem dados.

Capacidade de envelhecimento do vinho: Muito boa. Superior a 10 anos.

Recomendação para lote: Casta de lote que aumenta o teor alcoólico sem baixar a acidez; ao mesmo tempo, transmite uma sensação de elegância.

Potencial para vinho elementar: Muito bom.

Caracterização habitual do vinho: Dá vinho de cor citrina, frutado, fresco, vivo e com riqueza ácida. A boa graduação alcoólica, associada à acidez que representa, permite muita boa evolução em garrafa, dando nessa altura origem a vinhos com um certo corpo, cor amarelo-palha e frescura admirável, com muita finura e elegância. (Brites, Pedroso, 2000).

Qualidade do vinho: Muito elevada.

Particularidade da casta: Casta muito precoce. Excelente relação álcool-acidez. Vinhos de elevada qualidade.

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