Mencía (ES) / Jaen (PT)
Variedade: Tinta | Categoria II | Portugal/Espanha
Ficha da Casta
Mencía
Jaen
Origem da casta: Espanha, em Bierzo/Castilla y León, com a denominação de Mencia. Em Espanha, o fenómeno da intravariabilidade é significativamente superior (A. Martins, 2005, comunicação pessoal). Em Portugal, a denominação é recente, sendo ainda desconhecida em 1897 (Meneses). García de los Salomons (1914) conhece a casta.
Região de maior expansão: Dão.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Mencía (E).
Sinónimos históricos e regionais: Fernão Pires Tinta, Jaen Galego, Gião (Dão).
Homónimos: Jaén (E).
Superfície vitícola actual: Espanha, 8.761 ha; Portugal, 2.400 ha.
Utilização actual a nível nacional: 1,5%. Em Espanha, similar.
Tendência de desenvolvimento: Em expansão.
Intravariabilidade varietal da produção: Reduzida.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal para conservação da intravariabilidade (RNSV); clones 91-97 EAN. Espanha: clones seleccionados na Galiza e em Castilla y León, como CL-51, CL-79, CL-94.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
226 | 236 | 245 | 253 | 181 | 189 | 188 | 194 | 247 | 251 | 147 | 153 |
Vinho de Qualidade DOC: Espanha: DO Arlanza, Arribes, Bierzo, La Mancha, Monterrei, Rias Baixas, Ribeira Sacra, Ribeiro, Tierra de León, Valdeorras e Valência. Portugal: DOC, «Douro», «Bairrada», «Dão», «Cova da Beira», «Alenquer», «Arruda», «Torres Vedras», «Ribatejo».
Vinho de qualidade IPR: «Lafões».
Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Beiras», «Estremadura».
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com carmim generalizado e fraco, nula densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Verde, página inferior glabra.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Verde, com gomos verdes.
Folha adulta: Pequena, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde-médio, irregular, liso, página inferior glabra; dentes médios e convexos; seio peciolar aberto, com a base em V, seios laterais abertos em V.
Cacho: Médio/grande, cónico, compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Arredondado, médio e negro-azul; alguma resistência ao destacamento.
Película: Medianamente espessa, polpa mole.
Graínhas: Pequeno número, grandes, herbáceas.
Abrolhamento: Época média, 9 dias após a Castelão.
Floração: Época média, 7 dias após a Castelão.
Pintor: Precoce, 5 dias antes da Castelão.
Maturação: Época média, em simultâneo com a Castelão, apresentando baixos teores de acidez.
Vigor: Médio-alto.
Porte (tropia): Semi-erecto.
Entrenós: Muito curtos.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Média.
Rebentação múltipla: Muito baixa.
Índice de fertilidade: Elevada, mesmo com poda curta.
Produtividade: Elevada. Acima de 15.000 kg/ha. Valores RNSV: 2,2 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Nelas, durante 2 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.500 horas acima de 10° C, com produção de 9 t/ha (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: Inferior a 5.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Sensível ao vento; na fase inicial quebra o rebento, na fase final faz cair os bagos.
Sensibilidade criptogâmica: Muito sensível ao Míldio, ao Oídio e à Podridão Cinzenta.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 20% GLRaV3, 30% GFkV, <50% RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Mediana à Cigarrinha Verde e baixa à Traça.
Tamanho do cacho: Médio (200-230 g).
Compactação do cacho: Compacto.
Bago: Médio (1,5-1,8 g) e arredondado.
Película: Pouco espessa.
Nº de graínhas: 1,6 por bago, herbáceas.
Sistema de condução: Adapta-se a qualquer tipo de poda. Recomenda-se a desfolha várias vezes.
Solo favorável para obter qualidade: Casta versátil quanto ao tipo de solo, desde que não haja excesso de humidade.
Clima favorável: Seco.
Compasso: Adapta-se a todos os compassos.
Porta-enxertos: Não há problemas de afinidade, devendo ser adaptado ao clima e ao solo.
Desavinho/Bagoinha: Pouco sensível ao desavinho.
Conservação do cacho após maturação: Amadurece bem, em boas condições para a vindima.
Protecção contra ataques de pássaros: Necessária, por ser uma casta muito precoce.
Aptidão para vindima mecânica: Possível, mas só em condições de temperatura baixa.
Tipo de vinho: Vinho de mesa.
Grau alcoólico provável do mosto: Alto (até 14% vol.). Valores RNSV: 13,62% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Penalva, durante 5 anos).
Acidez natural: Muito baixa (3-4,5 g/l de acidez total; 0,6 de acidez málica; 3,5 de tartárica), com tendência para cair ainda mais após a vinificação. Valores RNSV: 3,34 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Penalva, durante 5 anos).
Autocianinas totais: Valores RNSV: 737,22 mg/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Penalva, durante 5 anos).
Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: Valores RNSV: 30,96 (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Penalva, durante 5 anos).
Sensibilidade do mosto à oxidação: Só em caso de problemas sanitários.
Intensidade da cor: Tinto a retinto.
Tonalidade: Tonalidades violáceas nos primeiros tempos.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Média.
Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – A casta, no Dão, contém a segunda maior concentração (após TN) de compostos terpénicos: Linalol livre com 39 μg/l, Nerol com 35,8 μg/l, Geranol com 20 μg/l. Sensorialmente, a casta tem aroma floral, evoluindo para frutado com notas de morango.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Vinho para consumir novo, com envelhecimento muito rápido.
Recomendação para lote: Os vinhos, para envelhecer, necessitam da pujança da Touriga Nacional e de um pouco de acidez da Rufete ou Alfrocheiro (V. Loureiro, 2002).
Potencial para vinho elementar: Não conhecido.
Caracterização habitual do vinho: «O seu aroma é intenso e delicado, lembrando amoras e mirtilos, o que torna a casta preciosa. Apesar de um pouco rústico, o carácter do seu aroma e a persistência que deixa na boca tornam estes vinhos inesquecíveis» (Loureiro, 2002).
Qualidade do vinho: Macio, pode ser elegante se for vindimado precocemente.
Particularidade da casta: Reconhece-se pela folha adulta com página inferior glabra (sem pelos), entrenós curtos. Videira de maturação precoce. Boa resistência à seca, elevada produtividade com qualidade excepcional e aromática em certas regiões, mas normalmente apresenta fraca acidez natural, por isso origina vinho sem longevidade.