Palomino Fino (ES) / Malvasia-Rei (PT)
Variedade: Branca | Categoria III | Portugal/Espanha
Ficha da Casta
Palomino Fino
Malvasia-Rei
Origem da casta: Provavelmente, foi introduzida na sua zona de maior distribuição (Jerez) pelos navegadores comerciantes gregos (Amaral, 1994). A casta, de facto, ainda existe na ilha de Chipre. No último milénio foi importada para Portugal, devido à sua excelente produtividade. Clemente conhece a variedade (1807) com a denominação Listan Blanco. Em 1956, Fernandez de Bobadilla reconhece o “Palomino fino” como variação somática, causando uma alteração na parte fêmea da flor.
Região de maior expansão: Estremadura e Trás-os-Montes (P); Jerez de la Frontera (Es, 57.000 ha), Califórnia (EUA, 470 ha), França (770 ha), Austrália (700 ha). A casta, com os seus sinónimos históricos, foi referida nos séculos XVIII e XIX por vários autores (Lacerda Lobo, Gyrão, Vila Maior), mas sem lhe conhecerem a verdadeira origem.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Palomino Fino (E), Bayoud Merseguera (DZ), Listan (Au, FR, CY), Fransdruif (ZA), Listrão (Madeira).
Sinónimos históricos e regionais: Olho de Lebre, seminário, Assario do Alentejo, Listan (Truel, 1983/4).
Homónimos: 11 Malvasias nacionais (N.ºs oficiais 169-180) e muitos internacionais. Especialmente a Malvasia Branca (N.º oficial 170) e a Malvasia (N.º oficial 168) causam equívocos.
Superfície vitícola actual: Espanha, 23.167 ha; Portugal, 6.500 ha.
Utilização actual a nível nacional: Espanha, procura constante; Portugal, menos de 0,1%.
Tendência de desenvolvimento: Não significativa.
Intravariabilidade varietal da produção: Ainda não analisada.
Qualidade do material vegetativo: Em Portugal não há material certificado. Espanha: a selecção clonal mais importante foi realizada em El Rancho de La Merced (Andaluzia).
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
228 | 240 | 235 | 245 | 185 | 194 | 188 | 194 | 251 | 257 | 145 | 147 |
Vinho de Qualidade DOC: Espanha: DO Abona, Bierzo, Condado de Huelva, El Hierro, Gran Canaria, Jerez-Xeres-sherry y Manzanilla-sanlúcar de Barrameda, La Palma, Lanzarote, Ribeiro, Rueda, Tacoronte-Acentejo, Tierra de León, Tierra del Vino de Zamora, Valdeorras, Valle de Güímar, Valle de la Orotova e Ycoden-Daute-Isora. Portugal: «Douro», «Távora-Varosa», sub-região Cova da Beira, «Arruda», «Évora», «Portalegre».
Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Beiras», «Estremadura», «Ribatejano», «Terras do Sado», «Alentejano», «Algarve».
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla carmim e média/forte densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Verde, página inferior com média densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Estriado de vermelho nos entrenós e vermelho nos nós, com gomos ligeiramente vermelhos.
Folha adulta: Grande, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde escuro, ligeiramente irregular, bolhosidade média; nervuras principais ligeiramente avermelhadas; página inferior com média densidade de pêlos prostrados e baixa densidade de pêlos erectos; dentes médios e convexos; seio peciolar pouco aberto, em V, seios laterais fechados em U.
Cacho: Médio/grande, cónico, medianamente compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Arredondado, médio, verde-amarelado; película de espessura média, polpa mole.
Sarmento: Castanho-amarelado.
Abrolhamento: Época média, 4 dias após a Fernão Pires.
Floração: Época média, 3 dias após a Fernão Pires.
Pintor: Médio, 5 dias após a Fernão Pires.
Maturação: Tardia, três semanas após a Fernão Pires.
Vigor: Médio a alto.
Porte (tropia): Semi-erecto e horizontal (plagiotropo).
Entrenós: Médios/grandes.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Média.
Rebentação múltipla: Baixa (15%).
Índice de fertilidade: Muito elevado, cerca de 1,5-1,8 inflorescências por gomo abrolhado, conforme clone.
Produtividade: Índice 340-420 conforme clone, muito elevado (acima 25 t/ha).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Elevado.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.650 horas acima de 10° C, com produção de 14 t/ha (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: 8.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Não é conhecida sensibilidade.
Sensibilidade criptogâmica: Bastante sensível ao Míldio, à Antracnose e ao Oídio, mediano à Botritis.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 20% GFkV, < 50% RsPV.
Sensibilidade a parasitas: Casta robusta.
Tamanho do cacho: Mediano até muito grande (180-650 g, conforme o ambiente).
Compactação do cacho: Compacto; em ambiente seco, menos compacto.
Bago: Médio/grande (0,80-2,9 g).
Película: Espessa.
Nº de graínhas: Em média: 1,2-2,20 por bago.
Sistema de condução: Poda curta (cordão bilateral).
Solo favorável para obter qualidade: Solos calcários, fundos com boa retenção hídrica, bem drenados.
Clima favorável: Quente, de elevada insolação, mas deve evitar-se exposição direita ao sol.
Compasso: Todos os compassos possíveis.
Porta-enxertos: Não se conhecem problemas de afinidades com todos os porta-enxertos tradicionais, devendo ser adaptados ao clima e ao solo.
Desavinho/Bagoinha: Não tem.
Conservação do cacho após maturação: Prefere clima que permita uma fase vegetativa prolongada sem chuva, porque é sensível à Botritis.
Protecção contra ataques de pássaros: Pouco necessária.
Aptidão para vindima mecânica: sem problemas.
Tipo de vinho: Vinho aperitivo com oxidação nobre (vinho tipo Xerez, no caso da utilização de levedura de véu), vinho de mesa com baixa graduação.
Grau alcoólico provável do mosto: Baixo até médio (10 -11% vol).
Acidez natural: Muito baixa. Em média, 3-5 g/l de acidez tartárica.
Sensibilidade do mosto à oxidação: Média. Alta, com levedura oxidante.
Intensidade da cor: Médio.
Tonalidade: Palha claro. No caso de vinho tipo Xerez, acastanhado.
Sensibilidade do vinho à oxidação: Elevada (e desejada no vinho Xerez).
Análise laboratorial dos aromas: Não estudado.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Em vinho de fermentação redutora, tem bom aroma mas é de baixa longevidade. Em vinho oxidado (tipo Xerez), é de elevada composição aromática e com grande capacidade de envelhecimento na barrica e na garrafa.
Recomendação para lote: Pedro Ximénez, Jampal, Fernão Pires.
Potencial para vinho elementar: Em vinho do tipo Xerez, é elevado.
Caracterização habitual do vinho: Com fermentação a baixa temperatura, pode originar vinhos de cor clara, com estrutura aromática excepcional. No caso do vinho tipo Xerez, apresenta-se limpo e delicado («Fino»), ou com sabor de avelã («Amontillado»), ou então, corpulento e untuoso (Chomé, 2005).
Qualidade do vinho: No caso do vinho generoso oxidado, muito alta.
Particularidade da casta: Casta de produção abundante utilizada em vinho leve. Fermentada com levedura de véu, pode transformar-se num vinho aperitivo, tipo Xerez, com elevada nobreza.