Rufete (PT/ES)
Variedade: Tinta | Categoria II | Portugal/Espanha
Ficha da Casta
Rufete
Rufete
Origem da casta: Norte e interior da Península. Lobo (1790: 73) conhece nas Beiras uma casta Rifete, mas também uma segunda, denominada Tinta Pinheiro, a qual considera «mais ruim». Com a denominação Tinta Pinheira, conhecem esta casta Fonsecca (1790: 42), Vila Maior (1875: 506) e Conde Odart (1874). Abele (1885) refere a casta em Arribes del Duero (Salamanca).
Região de maior expansão: Portugal, Beira interior; Espanha, Castilla y León.
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Rufete (E).
Sinónimos históricos e regionais: Tinta Pinheira (Penamacor). Na África do Sul é denominada erradamente por Tinta Barroca. Odart suspeita de sinonímia com a casta francesa Pinot-Aigret, claramente contestado por Truel (1984).
Homónimos: Existe na província de Castilla y León (E) uma casta da mesma denominação, com mais de 1.000 ha, não oficialmente reconhecida como sinónimo.
Superfície vitícola actual: Portugal, 5.550 ha; Espanha, 740 ha.
Utilização actual a nível nacional: Inferior a 0,1%.
Tendência de desenvolvimento: Em regressão.
Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV. Clones em processo de admissão à certificação JBP. Espanha: começou-se a seleccionar alguns clones da Sierra de Salamanca, pelo ITACyL (Castilla y León).
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
226 | 236 | 235 | 253 | 181 | 189 | 188 | 194 | 245 | 247 | 135 | 159 |
Vinho de Qualidade DOC: Espanha: DO Arribes. Portugal: «Porto», «Douro», «Távora-Varosa», «Bairrada», «Dão», «Beira interior».
Vinho regional: «Trás-os-Montes», «Beiras» em todas as sub-regiões, «Estremadura», «Terras do Sado».
Extremidade do ramo jovem: Aberta-achatada, com média pigmentação antociânica na orla e elevada densidade de pêlos aplicados.
Folha jovem: Com zonas acobreadas, média pigmentação antociânica. Forte densidade de
pêlos aplicados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Com nós e entrenós estriados de vermelho, gomos verdes. Gavinhas médias (longas).
Folha adulta: Média, pentagonal, heptalobada; verde médio, perfil irregular, de empolamento médio e ondulação generalizada; dentes médios e convexos; seio peciolar com lóbulos muito sobrepostos, com presença frequente de um dente, em V; seios laterais bem definidos com lóbulos ligeiramente sobrepostos, em U; página inferior com forte densidade de pêlos prostrados. Pecíolo curto.
Cacho: Médio e medianamente compacto. Pedúnculo médio, 190-275 g.
Bago: Médio, arredondado; negro-azul, pedicelo médio, 1,40-2,7 g.
Graínhas: Castanho escuro, 1,5-1,8 por bago.
Abrolhamento: Época média, 6 dias após Castelão.
Floração: Precoce, 1 dia após a Castelão.
Pintor: Muito Precoce, 9 dias antes da Castelão.
Maturação: Época média, em simultâneo com a Castelão.
Vigor: Médio.
Porte (tropia): Erecto.
Entrenós: Médios e regulares.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Média.
Rebentação múltipla: Baixa.
Índice de fertilidade: Em média, na varas dos 1.os gomos = 1,69; nas varas dos 2.os gomos = 1,87; nas varas dos 3.os gomos = 1,96 inflorescências por gomo abrolhado.
Produtividade: Índice muito alto (10-20 t/ha). Valores RNSV: 1,91 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pinhel, durante 5 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Varia, de regular até irregular (aneira).
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.600 horas acima de 10° C, com produção de 18 t/ha (Montemor-o-Novo). Dificilmente amadurece, no caso de elevada produção.
Producção recomendada: 6.000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Sensível à carência de Magnésio e Potássio, ao excesso de elevadas temperaturas e a carências hídricas.
Sensibilidade criptogâmica: Medianamente susceptível ao Míldio, susceptível ao Oídio e à Botritis.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: GVLR 3 elevado.
Sensibilidade a parasitas: à Cigarrinha Verde e à Traça da uva.
Tamanho do cacho: Médio (230 g).
Compactação do cacho: Compacto, de pedúnculo curto.
Bago: Médio/grande (2,7 g), com média facilidade de destacamento.
Película: Espessura média.
Nº de graínhas: 2,2 por bago.
Sistema de condução: Adapta-se a qualquer tipo de poda. Fácil condução da sebe.
Solo favorável para obter qualidade: Solos profundos e medianamente férteis, limitadamente húmidos.
Clima favorável: Quente e propício a período vegetativo longo (sem chuvas precoces na vindima).
Compasso: Adapta-se aos diferentes tipos de condução, nas regiões da sua classificação.
Porta-enxertos: Recomenda-se pouco vigorosos.
Desavinho/Bagoinha: Pouco sensível.
Conservação do cacho após maturação: Média/fraca.
Protecção contra ataques de pássaros: Pouco necessária.
Aptidão para vindima mecânica: Muito boa.
Tipo de vinho: Vinho de mesa de lote, vinho de qualidade, vinho rosado, espumante.
Grau alcoólico provável do mosto: Baixo/médio (11-12% vol, bom para vinhos rosados). No caso de elevada produção, tem dificuldade em atingir a maturação com chuvas fortes em Setembro. Valores RNSV: 13,24% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pinhel, durante 4 anos).
Acidez natural: Média (4-6 g/l de acidez total). Valores RNSV: 3,35 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pinhel, durante 4 anos).
Autocianinas totais: Valores RNSV: 420,72 mg/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pinhel, durante 3 anos).
Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: Valores RNSV: 29,84 (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Pinhel, durante 4 anos).
Sensibilidade do mosto à oxidação: Não tem.
Intensidade da cor: 2,8.
Tonalidade: Rubi aberto.
Índice de polifenóis totais (280nm) do vinho: 23
Sensibilidade do vinho à oxidação: Não tem.
Análise laboratorial dos aromas: Não estudado.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Muito fraca.
Recomendação para lote: Com castas de melhor perfil enológico.
Potencial para vinho elementar: Não recomendável, a não ser para vinho rosado.
Caracterização habitual do vinho: Vinhos de cor rubi (abertos), aroma floral, sabor herbáceo e estrutura ligeira. Muito fraco potencial para envelhecimento. Entra, geralmente em lote com outras castas, nos vinhos do Dão, aos quais confere algum perfume e acidez (Brites, 2000).
Qualidade do vinho: Média/fraca.
Particularidade da casta: Casta de grande tradição no tempo das marcas de vinho rosado. Folha muito recortada, cacho compacto. Sensível à Cigarrinha Verde. Vinhos fracos, de pouca coloração e pouco consistentes.