Sercial (PT)
Variedade: Branca | Categoria III | Portugal
Ficha da Casta
Sercial
Origem da casta: Alarte (1711) conhece os dois sinónimos da casta. Lobo (1790) classifica a casta em Murça. Gyrão (1822) conhece a casta, com o seu sinónimo, na região dos Vinhos Verdes e de Basto, mas não a menciona na Madeira. Vila Maior (1875) descreve botanicamente a casta. A primeira descrição detalhada encontra- se no Portugal Vitícola, de Costa (1900).
Região de maior expansão: Minho (60%).
Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Esgana-Cão (P).
Sinónimos históricos e regionais: Esganoso de Penafiel e de Castelo de Paiva (Vinho Verde), Esgana (em Bucelas), Sarcial, Serceal, Arinto (por engano, em Almada), Uva Cão (Dão), Cachorrinho (Dão). Deve tratar-se de uma casta muita antiga, devido à sua elevada intravariabilidade.
Homónimos: Existem três castas foneticamente semelhantes: Cercial, Cerce tivada nas regiões do Douro e do Dão. A Cercial é uma casta da Bairrada. A Sercial corresponde à casta aqui descrita e é cultivada na Madeira, no Douro, e em Bucelas.
Superfície vitícola actual: 100 ha.
Utilização actual a nível nacional: Abaixo de 0,1%.
Tendência de desenvolvimento: Casta com valores pouco conhecidos, devido à falta de estudos. Sem significado.
Intravariabilidade varietal da produção: Elevada.
Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV, clone certificado 49 e 105 JBP.
Caract. Molecular (OIV)
Classificação Regional
Morfologia
Fenologia
Potencial Vegetativo
Potencial Agronómico
Potencial Enológico
Particularidades da casta
VVMD5 | VVMD7 | VVMD27 | VrZag62 | VrZag79 | VVS2 | ||||||
Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 | Alelo1 | Alelo2 |
226 | 238 | 235 | 249 | 181 | 185 | 188 | 194 | 247 | 259 | 135 | 153 |
Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Bucelas», «Madeira»,
Vinho de qualidade IPR: «Lafões».
Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Beiras» nas sub-regiões Beira Alta e Beira Litoral, «Estremadura» «Ribatejano», «Terras do Sado», «Alentejano», «Açores»
Extremidade do ramo jovem: Aberta, com pigmentação antociânica muito forte e generalizada, e elevada densidade de pêlos prostrados.
Folha jovem: Acobreada, página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados.
Flor: Hermafrodita.
Pâmpano: Ligeiramente estriado de vermelho, com média intensidade antociânica nos gomos.
Folha adulta: Tamanho médio, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde escuro, ligeiramente revoluto, bastante bolhoso; página inferior com elevada densidade de pêlos prostrados e média densidade de pêlos erectos; dentes médios e convexos; seio peciolar com lóbulos ligeiramente sobrepostos, com base em V, seios laterais fechados, com base em U.
Cacho: Médio, cónico-alado, com várias asas, compacto, pedúnculo de comprimento médio.
Bago: Elíptico curto, pequeno e verde amarelado; película de espessura média, polpa mole.
Sarmento: Castanho escuro.
Abrolhamento: Época média, 4 dias após a Fernão Pires.
Floração: Época média, 2 dias após a Fernão Pires.
Pintor: Tardio, 10 dias após a Fernão Pires.
Maturação: Tardia, duas semanas após a Fernão Pires.
Vigor: Elevado.
Porte (tropia): Semi-erecto; algum horizontal (plagiotropo).
Entrenós: Médios.
Tendência para o desenvolvimento de netas: Muitas ramificações, curtas na base.
Rebentação múltipla: Pouca.
Índice de fertilidade: Varas do 1.º gomo = 1,07; Varas do 2.º gomo = 1,64; Varas do 3.º gomo = 1,61 inflorescências por gomo abrolhado.
Produtividade: Muito baixa com material tradicional. Índice elevado (12-25 t/ha) com material de selecção. Valores RNSV: 1,19 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Bucelas, durante 4 anos).
Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.
Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.
Índice de Winkler (somatório de temperaturas activas): 1.340 h acima de 10° C com 20 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).
Producção recomendada: 8000 l/ha.
Sensibilidade abiótica: Resiste bem à humidade. Muito sensível à carência de Boro.
Sensibilidade criptogâmica: Sensível ao Oídio e à Botritis; medianamente sensível ao Míldio e à Escoriose.
Estado sanitário (sistémico) antes da selecção: 30% GLRaV 1, 98 % GLRaV3, <50 %RSPV.
Sensibilidade a parasitas: Pouco significativa.
Tamanho do cacho: Quando simples, são pequenos (100 g). Quando alados, com duas asas podem ser médios (190 g).
Compactação do cacho: Medianamente compacto.
Bago: Médio/pequeno (0,7-2,5g).
Película: Espessa, pouco elástica.
Nº de graínhas: 2,3-3,2 por bago; pequenas, alongadas.
Sistema de condução: Todos os tipos possíveis. Recomenda-se cordão bilateral.
Solo favorável para obter qualidade: Solos profundos, férteis, com alguma humidade.
Clima favorável: Adapta-se a vários climas, mediterrânico, temperado marítimo e continental.
Compasso: Adapta-se a todos os intervalos tradicionais.
Porta-enxertos: Não se conhecem problemas de afinidade.
Desavinho/Bagoinha: Não susceptível.
Conservação do cacho após maturação: Pouco sensível.
Protecção contra ataques de pássaros: Desnecessária.
Aptidão para vindima mecânica: Muito boa.
Tipo de vinho: Vinho de qualidade e vinho generoso.
Grau alcoólico provável do mosto: Muito bom (14% Vol). Valores RNSV: 10,24% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Bucelas, durante 1 ano).
Acidez natural: Muito elevada (6-9 g/l de acidez tartárica). Valores RNSV: 7,44 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Bucelas, durante 1 ano).
Sensibilidade do mosto à oxidação: Pouca.
Intensidade da cor: Média.
Tonalidade: Cítrica, esverdeada.
Taninos: Monomérico 3,2-3,8 mg/l; Oligom. 14,1-23,4 mg/l; Polim. 56,7-88,5 mg/l (maceração pelicular).
Sensibilidade do vinho à oxidação: Pouca.
Análise laboratorial dos aromas: Não são conhecidas análises laboratoriais desta casta.
Capacidade de envelhecimento do vinho: Muito boa; várias décadas.
Recomendação para lote: Rabo de Ovelha, Malvasia Fina, Síria, Trincadeira das Pratas, Bical.
Potencial para vinho elementar: Pouca experiência profissional, mas em zona quente (Douro, Alentejo) em microvinificação experimental, tem muito bom potencial.
Caracterização habitual do vinho: Do ponto de vista enológico, como casta elementar é uma casta interessante devido à sua elevada acidez. Quando em zona litoral (Bucelas), a acidez contribui para reforçar a tipicidade do Arinto, mas tem reduzida qualificação como vinho elementar (excepção: Madeira). Em zona quente, apresenta uma acidez mineral e cítrica, com excelente potencial de envelhecimento, aromas nobres, de frutos verdes e notas minerais. A principal finalidade desta casta é o melhoramento de outros vinhos de insuficiente acidez.
Qualidade do vinho: Excelente, dominada pela acidez.
Particularidade da casta: Casta de enorme variabilidade intravarietal relativamente à produtividade, as suas características muito favoráveis podem depender do clone e das condições edafo-climáticas. Enologicamente, é uma casta melhoradora, devido à elevada acidez, mas também de interesse para vinho elementar de qualidade, em zona quente.